No Rio de Janeiro... Rio, riem, prendem-me, soltam-me, prendo, vou, vais, fico, fujo, tocam-me, toco, és, Sou, Amo-me, amam-me, danço, Sou, grito, escutam-me, escuto, beijam-me, beijo, canto, Sou, caio, levanto--me, celebro, Sou, caminhamos, vamos, paramos, olhamos, sentimos, somos, estou, fico, és, estás, ficas, amamo-nos, Amo-me, amo-te, amas-me, fujo, vais, perdemo-nos, voltas, vens, achas-me, olho-te, olhas-me, és, beijo-te, beijas-me, beijamo-nos, amamo-nos, somos, Sou, amo-te, Amo-me, perco-me, perdes-me, foges, vou, volto, amo-te, Sou, sonho-me, sonho-te, Amo-me, amo-te, amas-me, prendes-me, soltas-me, danço, grito, canto, Sou...

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

O MEU CONTADOR DE HISTÓRIAS

(Dedico este texto ao meu Pai, que me ensinou a ser ser pensante, a cortar e criar caminhos com a lâmina afiada da razão. Mas mais que tudo, com ou sem razão, mostrou-me, mostra-me, a cada dia, que o Amor existe).
Este texto não tem o propósito de compensar, embora saiba que ao ter escrito um texto para a minha mãe, a repercussão foi um leve afago desse sentimento a que chamam ciúme, junto do meu querido e amado pai.


Aqui vai uma declaração de amor para o meu pai, papi lindo que tanto me deu... E continua a dar...


Desde cedo, ensinou-me que tinha um músculo ao qual não podia faltar exercício. Disse-me que era uma massa cinzenta, como uma pastilha elástica, que se podia esticar, e aí cresceria sem limites. Nunca me esqueci papi. Ensinou-me a fazer contas, a contar moedas, e cedo se deve ter arrependido, pois depressa viu que era exímia em contas de sumir. Ensinou-me a andar, e sempre que caí ele estava lá para me ensinar a andar mais uma vez. Ensinou-me que a maior das suas forças era a sua presença, e nunca o deixei de sentir lá, e, mesmo hoje, à distância, tenho-o comigo.



Lembro-me de como me adormecia, com uma história nova, todos os dias, e de como me divertia, na minha exigência, de que essa história viesse sempre dele, não podia ir colhê-la a livros, tinha que vir da imaginação. Acho que hoje deve divertir-se, rir-se mesmo da sua paciência de pai coruja, que velava o sono da sua cria e que tanto se esforçava, para a cada dia lhe povoar a curta vida de personagens novos.



Por vezes ríamos os dois, pois o bulício do dia roubava-lhe tempo para criar uma nova história, e tentava enganar-me mudando uma antiga, trocando nomes, acrescentando coloridos, mas depressa percebia que a discípula tinha aprendido a usar o músculo lá para os lados da memória, e que se lembrava de todos e cada detalhe das histórias passadas. Mas nunca, durante anos, me faltou uma história para dormir.


Sempre respeitou o meu espaço, mas sempre senti sua presença atrás da porta , quando precisei de fechá-la, e sempre soube que estava lá se lhe corresse.


Sabe-me diferente e acho que às vezes não me compreende, pois tem uma mente bem mais objectiva do que a minha, mas no fundo acho que se diverte e enternece com o meu colorido. Admiro a sua inteligência e carácter, que me deram uma rectidão de que me orgulho e que me fazem hoje não ter medo de cair, pois algo maior me suspende, me faz elevar.



Sei que por vezes não me entendes os sonhos, pois são para ti , mente matemática, tão voláteis, ingénuos. Mas também sei, que no fundo me gostas assim romântica, e um dia papi, vais ver-me voar. Nesse dia vou pensar em ti... Porque sei que no fundo nunca duvidaste.


Esta força que me move, esta fé que tenho em mim, ainda que só acredites nos Homens, e não ligues aos Deuses, essa fé, também te pertence. Vem do Amor com que sempre fui rodeada. Ganhei a lotaria à nascença ao ter os pais que tenho, pois ensinaram-me desde sempre a ser o melhor de mim, a ousar, ensinaram-me que o único limite era eu mesma a traçá-lo. A fé que sempre tiveram, tiveste em mim, fez-me assim sonhadora e protagonista dos meus sonhos... E não tenho medo do palco, porque te sei na primeira fila desde sempre.

1 comentário:

Anónimo disse...

Uma linda homenagem, merecida e verdadeira...
Lucas