No Rio de Janeiro... Rio, riem, prendem-me, soltam-me, prendo, vou, vais, fico, fujo, tocam-me, toco, és, Sou, Amo-me, amam-me, danço, Sou, grito, escutam-me, escuto, beijam-me, beijo, canto, Sou, caio, levanto--me, celebro, Sou, caminhamos, vamos, paramos, olhamos, sentimos, somos, estou, fico, és, estás, ficas, amamo-nos, Amo-me, amo-te, amas-me, fujo, vais, perdemo-nos, voltas, vens, achas-me, olho-te, olhas-me, és, beijo-te, beijas-me, beijamo-nos, amamo-nos, somos, Sou, amo-te, Amo-me, perco-me, perdes-me, foges, vou, volto, amo-te, Sou, sonho-me, sonho-te, Amo-me, amo-te, amas-me, prendes-me, soltas-me, danço, grito, canto, Sou...

terça-feira, 27 de abril de 2010

Escolhas

Quando me perdi, verdadeiramente escolhi, até lá joguei ao quarto escuro, ao toca e foge com a sorte. Quando tudo nos parece fácil, dado, o caminho parece abrir-se a cada passo, a escolha nasce óbvia, e a meta é certa. Mas quando assim não o é, surge a necessidade inventiva de viver, e ao lado desta, a necessidade impiedosa de sobreviver. Apenas o amor nos salva (e distingue) desta última. E apenas o espelho e a imaginação nos salvam da auto comiseração e consequente auto imolação.

Qualquer coisa assim

Falar de amor sem tê-lo, e não sendo fiel à posse, faz com que o que quer que não se tenha se desvaneça ainda mais sob a imagem não conseguida do ideal.
Por vezes dou comigo num novo papel, onde me detenho bem mais, me protejo, como se temesse por mim, ou pura e simplesmente começasse a cuidar de mim.

sábado, 17 de abril de 2010

Sem-abrigo

Chego hoje ao contorno do precipício, que me deita os olhos ao chão... Quando antes me prendia alto, como se inatingível fosse devolver-me à terra... Não percebo onde deixei a fé de alquimista que nada via se não a metamorfose impermanente, louca e apaixonante que me leva a ligar a tudo e tudo ser, sem nunca ser se não o que confesso ao silêncio, e que poucas vezes deixei escutar comigo. Sei-me ou sinto-me, ou os dois, na bipolaridade vadia, que vagueia por entre laivos dourados que afagam em segredo o céu da boca e me levantam mais o canto dos lábios, mas daquela forma (ligeira, livre, que não se desgasta num sorriso rasgado, mas naquele quase nada), um quase nada que só os que me atentam vêem... E aqueloutro lado, mais escuro, mas sem o qual não via neste a leveza esvoaçante de purpurinas... Esse lado que não se torna breu, que mais espicaça a ânsia mordaz que me ataca as paredes do estômago, e me acorda por vezes descrente, como se o meu destino fosse desacreditar... E vejo afogar-se em mim uma doçura ingénua, quase pueril que me esquenta tantas vezes e me carrega no maior dos saltos, o que me leva a um mundo só meu, onde acredito sem cinismo em histórias de príncipes e princesas, onde não ironizo o amor porque o solto de cada vez que abro a boca e sempre que me calo... Aí, onde os arrepios no estômago são porque se vê sem olhos quem (se) ama... Tenho saudades de ter os olhos na boca, em cada poro, sentir a cada toque uma viagem a uma memória que não existe, e por isso é perene. Sentir em cada palavra ouvida um eco que se descobre meu, em cada silêncio a presença que me acalma e me rouba aos pensamentos e me faz ser tudo assim, na ausência, sem som, sem voz, com cheiro, e sentir-me apenas ali, exactamente ali, num conforto que só acolhe os que amam, presente.
Ai!!! Saudades desse meu lado lamechas que se derrete a ouvir músicas ao lado de, a pensar em, que me faz sentir que jamais alguém melhor do que estes dois, nós os dois, tinha sido feito para amar, para dar matéria a poemas. Saudades dos meus sonhos cor de rosa, da minha fé inabalável, que virou sem-abrigo, saiu-me da alma, e deixou uma outra, inquilina, boa vizinha, mas que em nada se assemelha à original. Faz piadas e até aquece algumas graças, mas nunca se estraga ou entrega. É daquelas que analisa, que nunca cai, mas também não salta e deixa-me aqui presa neste mundinho que nada tem de meu. E no fim de tudo (e pelo meio), também dói, porque se sabe mera inquilina, ali encostada de favor... E não sei se resiste à estação quente, que aquece nos passos que não damos, mas que nos levam... E nos trazem, sempre aqui... Exactamente aqui, onde se abrigam os amantes. Onde se ensaia o amor para nunca levar a cena, pelo puro deleite da experimentação, que intenta de cada vez que subverte o não sentido que se sabe e toca, e sente, ali, presente, amado.