Dedico estas palavras às mulheres da minha vida, as minhas grandes amigas, irmãs. São as melhores amigas do mundo. E quando tudo acalma e posso sentir o tempo e o espaço, sinto-vos, ainda mais, a falta.
Saudades de todas e cada uma, saudades de tantos momentos, de podermos sempre, juntas ser crianças. Saudades de ter sempre um abraço sem julgamentos, saudades de o dar. Saudades de todos os risos e gargalhadas épicas que arrancámos à vida. Saudades de viver, estar junto. Saudades de um amor inigualável, fraterno, incondicional, que nos liga para lá do sangue, selou-nos as almas.
Várias vezes senti completude, outras tantas me aproximei. E continuo a tentar, mas o que é estranho, talvez até mágico, é que chegamos lá, mas tão de repente o fazemos, como voltamos à casa de partida, aquela, precursora que nos faz chegar lá, tentar ser sempre mais. Por vezes, tantas, esse mesmo é o motivo de desânimo, de melancolia, cobarde demais para se fazer raiva, revoltar, e mudar o mundo no impulso. Mas ao mesmo tempo, aí reside o mistério, o que nos faz não saber o amanhã, a capacidade que temos de perder o tudo e de nos fazer do nada. E tantas vezes dói, outras nem dói mais, mas é isso que torna a vida desafiante, contundente, estimulante. E a cada estimulo, segurar os nossos pequenos todos, pois vão segurar-nos tantas, tantas vezes nos grandes nadas, travessias directas que nos levam ao centro de nós. E nessa montanha russa não esquecer quem somos, mas mais que tudo, lembrar sempre quem queremos ser. A cada novo nada, lembrar o que nos completa. E são essas as reminiscências que nos mantém vivos. O mistério continua, e o que nos completava às vezes deixa de o fazer, sem culpas distribuídas ou desafectos. E assim por vezes, voltamos a ser infelizes, menos felizes. E assim voltamos a ser felizes, mais alegres a brilhar mais e mais em nós. E este vaivém entrega-nos a barriga a náuseas, ou a sensações que sílabas nenhumas conseguem pronunciar e a arrepios que carregam os ventos dos quatro cantos dentro de nós.
Mas não sei ser eu, inteira, sem os que amo, e sinto saudade, saudade de matar a saudade, de estar mais perto, de ser segurada nos braços, de partilhar as vitórias e as derrotas, de chorar compulsivamente porque aí, nesse lugar tão nosso, posso, e ir do riso ao choro como se fossem teclas do mesmo piano. Juntas podemos tudo. Assim são as minhas melhores amigas. Mulheres que para mim serão sempre meninas. Crescemos juntas e deixamos espaço para crescer, juntas, sempre mais. E mesmo longe, mantemo-nos perto. E esta manutenção exige, demonstrações de afecto, atenção, gestos constantes. Mas por vezes, saudades de pura e simplesmente estarmos juntas, sem fazer nada, apenas estando, pois entre nós podem não existir palavras, que os silêncios entregam-se à cumplicidade. Saudades até de tantos, àquele tempo, dramas, para uma , para algumas, para todas, e sempre saber, que na crise, nos juntamos, falamos mal dele e do mundo, e inevitavelmente, as lágrimas acabam por ceder ao riso. Pois somos profissionais em rir de nós mesmas e se hoje rio de mim é porque o treino foi conjunto, acompanhado. E já dizia o filme, nenhum homem é uma ilha, e eu não me sei sozinha.
Tenho saudades de matar saudades das mulheres da minha vida, cada qual insubstituível, cada qual comodamente instalada no meu coração. E buscando e achando e voltando a perder, o que seja que me faz sentir em mim, viva, estão lá. Sem vocês não seria, jamais,completo. E hoje, ao longe, vejo que as minhas meninas se tornaram nas mais belas mulheres, como poucas o são. Brilhem, vivam incandescentes, acesas por cada sonho e presas apenas ao presente. E quando der menos certo, estamos juntas, sempre.
P.S.: O Amor não tem limites... Vale a pena ver este vídeo: