No Rio de Janeiro... Rio, riem, prendem-me, soltam-me, prendo, vou, vais, fico, fujo, tocam-me, toco, és, Sou, Amo-me, amam-me, danço, Sou, grito, escutam-me, escuto, beijam-me, beijo, canto, Sou, caio, levanto--me, celebro, Sou, caminhamos, vamos, paramos, olhamos, sentimos, somos, estou, fico, és, estás, ficas, amamo-nos, Amo-me, amo-te, amas-me, fujo, vais, perdemo-nos, voltas, vens, achas-me, olho-te, olhas-me, és, beijo-te, beijas-me, beijamo-nos, amamo-nos, somos, Sou, amo-te, Amo-me, perco-me, perdes-me, foges, vou, volto, amo-te, Sou, sonho-me, sonho-te, Amo-me, amo-te, amas-me, prendes-me, soltas-me, danço, grito, canto, Sou...

sexta-feira, 28 de março de 2008

Felino

Nos teus olhos de felino despenteado
Deixo os meus.. Não consigo não olhá-los
Olham-me sem me olhar
Mas vês-me para além deles
Passo-te a mão pelo pêlo
Gosto de ti emaranhado
Livre até aos cabelos...
Prendes-me com a arte de me deixar solta
E nesse devaneio não mais me creio sem ti
Não te quero, não te sinto demais, mas és encantado
Quebra esse encanto, pois adivinho meu pranto
Sei-me capaz de me pôr inteira e não como metades
Não te quero meu, mas para mim
Quero-te para lá das vaidades
Quero-te assim tanto , sim
Perco-me nesse olhar frio
Porque te sei quente, não vazio
Enche-me de ti, deixa que te perscrute a alma
Despe-me as saias do medo
Tira-lhe os laços de cetim
Grito-me sem medo, mas temo-te a ti
Sei-te capaz de me fazer sair de mim...
Não te quero assim tanto
A menos que esse tanto
Seja o tanto que me queres a mim

Diferente

Sei-te diferente, sinto-te o gosto...
Um travo quente
Que me aquece o frio da espinha
De cada vez que a tua língua encontra a minha
És um quente frio...
Sei-te tão teu que jamais serás meu
Mas gosto-te assim, livre, despenteado
Entrelaçado em mim
Não te sei bom ou mau mas sei-te em mim
Não te sei anjo ou diabo mas vejo-te as asas
Gosto-te dos olhos, do cheiro...
Já os sei de cor
Mas não te quero gostar
Ainda me perco de mim
Na língua tua
Já lhe conheço a dança, mas finjo não lembrar
Não lhe conhecer os passos
Morde-me a ânsia, trincas-me os lábios
Por entre abraços
Afogo-me em ti, não me quero salvar
Quero fugir-te mas vou até ti
E no teu quente frio perco o fio...
Não quero mais saber de mim, de ti
Apenas sentir-te o gosto
Ver teu rosto de moldura emaranhada
E sentir-me naquele momento, em ti enleada,
Mulher amada...

segunda-feira, 24 de março de 2008

Sonhos

Sei-me triste, pois só me sabendo assim me soube feliz. Sei-me tua, mas só depois de me saber minha... No fundo não me sei, pois de mim me levei... Às vezes volto e nessas voltas me evoco... Sou assim, ilusão real, embora não saiba qual precede qual. Sei-me sem tempo ou espaço. Sei-me com asas, mas não pássaro, sei-me dos ares mas gosto da Terra. Sei-me do mar e viva para amar. Sei-me quente, mas já me viste fria. Sei-me assim, simples sinestesia. Sei-me livre e só assim me prendo, só assim me vivo. Sei-me sem me saber e nesta consciência inconsciente, sei-me dos sonhos que me sonham e me têm deles, e que, de quando em quando, me emprestam à vida. São sonhos só meus, grandes, pequeninos. Estás lá... Mas não te conheço o rosto... Sempre que tento, que me aproximo, desvanece. Mas sei-te lá! Vislumbro-te o contorno do corpo, sinto-te o cheiro...Cheiras bem... Esticas-me a mão. Caminhamos de dedos entrelaçados. Acordo! Perdi-me de ti.... Não te sei mais, não me lembro do teu rosto... Mas conheço-te o cheiro.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Diáspora da alma

Novelo sou e não me sinto o fio.. Vejo enlear-me em nós e mais nós, mas não lhes vejo o fio por onde puxar. Talvez as voltas que tenha dado para se enlaçar sejam as que tenho que dar para (me) o achar. Sou nó, sou fio, sou laços sem fim.
Perco-me nesta diáspora da alma, pois não sei para onde parti... Não sei se me fugi. Sei que cada vez corro menos, não por falta de gana ou raquítico espírito, apenas porque aprendi a correr por dentro. Aí me evado de todos e até de mim, que tantas vezes me canso. Não descanso até me retornar, apenas porque não me temo mais... Achei o fio.