No Rio de Janeiro... Rio, riem, prendem-me, soltam-me, prendo, vou, vais, fico, fujo, tocam-me, toco, és, Sou, Amo-me, amam-me, danço, Sou, grito, escutam-me, escuto, beijam-me, beijo, canto, Sou, caio, levanto--me, celebro, Sou, caminhamos, vamos, paramos, olhamos, sentimos, somos, estou, fico, és, estás, ficas, amamo-nos, Amo-me, amo-te, amas-me, fujo, vais, perdemo-nos, voltas, vens, achas-me, olho-te, olhas-me, és, beijo-te, beijas-me, beijamo-nos, amamo-nos, somos, Sou, amo-te, Amo-me, perco-me, perdes-me, foges, vou, volto, amo-te, Sou, sonho-me, sonho-te, Amo-me, amo-te, amas-me, prendes-me, soltas-me, danço, grito, canto, Sou...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Sonhei contigo

Resisti a acordar, porque sonhei contigo, porque antes de chegar a isto que chamam de vida consciente quis saber o que outras partes de mim me quiseram dizer... Lembro-me de coisas soltas, de mim, de ti, de coisas que neste mundo podem não fazer sentido, mas que a mim me aqueceram como se me enchessem um qualquer buraco de desejo inconfesso ou de vontade de ti. Não sei se já te disse, mas quero-te com todas as vontades que se atribuem às mulheres e aos homens, e achava que tudo isto estava esquecido no meu inconsciente, mas hoje ele lembrou-me que os sonhos também nos vivem, e mexem...
Às vezes acordo com a nítida sensação de ter tido um sonho mensagem, um telegrama da alma, ou dum outro lugar onde sou mais serena, onde sei tão mais, mas que vem assim mesmo, como um telegrama, frases e imagens soltas, onde as palavras se atropelam e nem sempre se sentem conscientes, e vem perdidas à espera que eu as viva, e não de um sentido.
Hoje sonhei contigo, já te disse, dizias-me uma coisa, mas os teus olhos, as tuas mãos, diziam e faziam outra. E eu acordei com vontade de lembrar o que foi sem ser, e sinto-me dividida entre a adolescente que resgatas em mim, e esta outra que acha que se protege por não fazer nada, por respeitar o devir, essa coisa que dizem que é o que tem que ser... Mas, esta coisa que tenho que me faz querer sempre atirar para as coisas, atira-me mesmo para as coisas e não sei... Tenho-me deparado com águas pouco fundas, mas ainda assim parece que insisto em ser profissional de mergulho.
Quando acordo acho tudo tão insensato, o tempo que tiro de mim para me focar nesta coisa que nada é, ou que eu quero que seja coisa pouca, mas a verdade é que me alimentas o vício, um movimento centrífugo que se renova e que me amorna de novo o sangue, que me devolve palpitações, a sonhos molhados, a um qualquer alinhamento de matéria e resgates de alma, onde tudo é mesmo, e quente, vaporoso como se fosse moldado e moldável por um inconsciente mais sábio e capaz, que sonhou coisas por nós, e nós só temos que ter fé e agradecer. Entregas-me a um encantamento que andava desencantado. A lugares meus que andavam dispersos, e gosto de ser alma elástica entrar e sair sem medos e voltar, porque quando não vou, ando perdida, mas perdida com rumo, como se caminhasse agarrada a uma corda que me prende a tudo, menos aqui. E tenho vontade de chorar, já te disse que choro e rio em quantidades desmesuradas, daquelas que não se medem em unidades de tempo, já te disse que sou exagerada e de tempos em tempos me deixo ser lúcida, já te disse que quando te olho nada se define e tudo apenas é, que quando te ris, sinto que me esticas a alma, que quando estás, nunca consigo fingir que tudo está igual, que quando me falas não são palavras que te respondem, que quando me tocas, tocas mesmo... E hoje sonhei contigo...