No Rio de Janeiro... Rio, riem, prendem-me, soltam-me, prendo, vou, vais, fico, fujo, tocam-me, toco, és, Sou, Amo-me, amam-me, danço, Sou, grito, escutam-me, escuto, beijam-me, beijo, canto, Sou, caio, levanto--me, celebro, Sou, caminhamos, vamos, paramos, olhamos, sentimos, somos, estou, fico, és, estás, ficas, amamo-nos, Amo-me, amo-te, amas-me, fujo, vais, perdemo-nos, voltas, vens, achas-me, olho-te, olhas-me, és, beijo-te, beijas-me, beijamo-nos, amamo-nos, somos, Sou, amo-te, Amo-me, perco-me, perdes-me, foges, vou, volto, amo-te, Sou, sonho-me, sonho-te, Amo-me, amo-te, amas-me, prendes-me, soltas-me, danço, grito, canto, Sou...

segunda-feira, 16 de maio de 2011

House of the Rising Sun

8 de Abril de 2011

De repente, completamente de repente... Surgiste como um sol, como se me trouxesses o calor que me agarra a esta terra e que me mata saudades de outras latitudes de alma. O curioso é estares há tanto tempo no meu imaginário, nos meus olhos, e de repente, simplesmente assim, tornas-te real... Como se eu abrisse as janelas de uma casa fechada, e por todos os lados entrasse luz, uma luz que me semicerra os olhos, que me afaga a cara, que me adormece a mente, que me faz esquecer de tudo e que me faz ver que um novo dia nasceu, e entregue aquele momento, aquela quentura nova, fico nesta curiosidade de corpo quente que engole passados e se dá apenas...

Acho que o que mais gosto, é que quando estamos, somos reais, e o quanto me fazes querer estar exactamente aqui onde estou. Deste-me o presente que é estar e simplesmente estar. Ao pé de ti perco o meu já fraco sentido de tempo, quero-te em todas as conversas, gosto das ressonâncias da tua voz, e gosto das tuas palavras, adoro a forma como as arrastas e como com a noite a tua voz rouca fica ainda mais grave como se agravasse uma vontade que nunca me deixa perto de ti... Adoro quando as tuas mãos que não temem ser de homem, me agarram e me dão literal e subjectivamente a volta, fico de cintura apertada, como se naquele momento me apertasses todas as ânsias, as segurasses ali, e me fizesses sentir segura, e livre, ali, nas tuas mãos... Adoro o teu mau feitio confesso, que me diverte, adoro como sem notares és o mais atencioso, adoro como me olhas, mesmo quando finges ser normal, por acaso, e adoro estar colada a ti à espera do sono, ao som da tua voz. E isto tudo foi tão de repente que até temo pôr em palavras, mas que se dane... Estou feliz, e sinto-me orgulhosamente pateta e ridícula e constantemente com saudades, como se esperasse sempre para as matar e quando mortas fizessem as próximas maiores...

Estás a tornar-te memorável, mas de uma forma que não fica só aí, já te passeias por muitos mais lados de mim... E deixei solto, quero, até porque ao pé de ti me sinto incrivelmente livre... E gosto de tudo como é, não quero mudar nada, não te vejo num potencial, vejo-te hoje como o homem que eu quero, és tudo o que me desejava... E desejo. E não quero saber o que isto vai ser, porque já é.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Contrabandista

Vivo no presente, tento, tento sorver o que quer que seja que acredito e sinto existir, mas às vezes prende-se-me no tédio uma sensação que descubro inventada, uma intuição contrabandeada por mim, apenas para me entregar a um tempo que acontece.

Caminhamos sempre para algum lado, ou temos que nos dar essa sensação de avanço, pelo terror de estar parados, parada... De não existir para alguém. Poucas vezes me basto, mas gosto tanto dessa sensação de ser mais minha, de me fundir no vento, de me atirar sem precisar do seu balanço... E cair sem precisar que o chão me aqueça velhas feridas.

As expectativas que crio, matam-me as intuições, as sensações leves, gosto tanto delas, as que são ainda mais efémeras que o agora, as que só nele habitam e em mim, e que me deixam na generosidade de quem me dá a muitas mais. Quero ter a leveza de me entregar sempre a esses nadas, quero deixar de pensar e querer tanto tudo a todo o tempo. Quero deixar de me pôr no tempo, de me dar tempos, quero esquecer-me do que me esquece... Quero esquecer-me desse atalho que me abrandou o passo e a pulsação...

Quero intuir sem trapaça, e ser levada por esse impulso maior que nada quer, mas que sente, que me tem e quer ali, parada, a caminho...

Não quero contrabandear intuições para servir os meus caprichos, os meus quereres de quem quer sempre estar, sentir e caminhar para um qualquer lugar maior de si... Quero voltar aos meus pequenos nadas e esquecer-me desse grande plano que tracei para mim... E só mudar o rumo, quando sentir uma intuição (pura) que me leve daqui.