No Rio de Janeiro... Rio, riem, prendem-me, soltam-me, prendo, vou, vais, fico, fujo, tocam-me, toco, és, Sou, Amo-me, amam-me, danço, Sou, grito, escutam-me, escuto, beijam-me, beijo, canto, Sou, caio, levanto--me, celebro, Sou, caminhamos, vamos, paramos, olhamos, sentimos, somos, estou, fico, és, estás, ficas, amamo-nos, Amo-me, amo-te, amas-me, fujo, vais, perdemo-nos, voltas, vens, achas-me, olho-te, olhas-me, és, beijo-te, beijas-me, beijamo-nos, amamo-nos, somos, Sou, amo-te, Amo-me, perco-me, perdes-me, foges, vou, volto, amo-te, Sou, sonho-me, sonho-te, Amo-me, amo-te, amas-me, prendes-me, soltas-me, danço, grito, canto, Sou...

quarta-feira, 24 de março de 2010

P.S.:

As tuas fotografias, recortes da memória, álbum de colagens da alma. Quando tudo se apaga, basta olhar-te no papel, fitar-te como que fingindo desconhecer-te... Mais do que de ti lembro-me de sonhos... De outra vida... Para onde vou... Onde estou. Mais do que de ti, lembro-me de quem podia ser ali e mais além. E vivi bem além de nós, vivi verdades inventadas, exageradas, contornos de luz que ainda hoje me conhecem sombras e por segundos me gelam o espírito. Mais do que a ti, volto aos sonhos que não sonho mais.




Sussurro

Disseram-me hoje ao ouvido:
Não acredito em segredos
Disseram-me, sussurrando
Aquele dia, o quando
Disseram-me ao ouvido, que mesmo gritando
Não desvendo, e às vezes, sussurrando
Ponho tanto ou quero mais,
Intento nos medos que não visam glória
(Gloriosos vendavais)
Porque confesso, baixinho, àquele ouvidinho
Amor grande sem memória
Que não se recria, existe, que não só tenta,
Persiste... No regresso, no sussurro
Alegre murro de infinita virtude
Que agita, sacode, que faz e pode
Que se deixa ser ao colo, tolo
Que se promove, mas acolhe
E é colhido pelos braços
De aberto ouvidinho, que nos aperta
Atrai, alma esperta, amíude,
Ouvidos de olhos abertos
Espertos a brilhar
Que nada fazem, são...
E aí nos rendemos à evidência
Da escuta, ou da outra mão
(E não mais gritamos, porque tudo é perto
E mesmo sem errados, tudo é certo)

terça-feira, 23 de março de 2010

Regresso

Sinto falta de te sentir a falta, ânsia de te envolver em saudade, de te empurrar e comprimir no meu vazio, de tal forma que até este me pareça leve, menos lúcido, preenchido por laços de nada e rasgos de fé.
Faço tudo para te entregar ao esquecimento, como quem devolve umas botas que lhe cansaram os pés... Mas vejo que é mais fácil esquecer-me de mim, e mesmo quando não te penso, vejo que vais ser sempre miragem, daquelas cuja matéria é a mesma do sonho. Daqueles que ao acordar, parecem ter sido tão reais, que deixamos de destrinçar qual o verdadeiro real, e se é que ele existe. Isto tudo para dizer que não te gosto, ou talvez nem mesmo exista, pois não sei qual é mais real, ou se em ambos te sonho. Não te sei vivo em mim, mas sei que nunca te tenho morto.
Assim és para mim, como umas botas emprestadas, que me aqueceram os pés, me abrigaram o passo, e me fizeram correr mundo... O meu. Assim és para mim, inspiraste-me a fugir, e a voltar. Primeiro fugi de ti, mas mais tarde percebi que era de mim de quem fugia. Primeiro voltei para ti, e ainda hoje para mim volto.

terça-feira, 16 de março de 2010

Amantes

Eles vivem um amor amante, amado
Um amor que se entrega,
Sem medo da espera
De sonhos confessos
De partidas que se dão a regressos
Um amor que se diz alto, mas que se vive calado
Um amor que se faz de asfalto
Entrelaçado nas mãos que o percorrem
Que se tem em tudo o que pode ser
Porque é, espelhado
Que segreda palavras quentes
Que pelas paredes escorrem
Que tenta as noites,
Que dois corpos acolhem
Mas que espera o amanhecer
E se olha de olhos semicerrados
Desertos, despidos, rendidos
E mesmo que um dia morra, vive..
Amando, amante, amado, emprestado,
Dado, que se dá e rebola
Que se incendeia e evola