Quantas vezes tantas se nos esvazia a alma, poucas, a mente.... Nessas vezes poucas, tantas coisas auscultamos, tantos são os ares que nos enchem. E tantos são os tantos que nos entretantos perdem importância, pois fazem já parte de nossa substância, jazem já no que somos, e, jamais o somos sem ter sido. E não digo com isto que não possamos (re)criar-nos, a cada instante, mas a verdade é que, cada criação, vai prenhe dos instantes em que de facto existimos.
Ele fala pausadamente, como quem não tem medo da morte, pois pronuncia cada sílaba, sem o compasso do tempo, colocando nas palavras toda a força que estas podem abarcar. Mas essa força em nada pesa nas palavras, pelo contrário, na sua boca surgem leves, acariciadas pela mente e moldadas por uma inteligência maior, por uma alma consciente.
Ele não teme assumir que doeu, que sofreu, mas sabe que tudo isso, o fez hoje ver que a cada queda, de cada vez que se viu sumir, apagado do mundo, ressurgiu, mais seu, maior. Viu que se havia tornado Grande.
Enternece-me alguém assim, que não teme crescer, que quer ser mais de si, que se detém no tempo, mas que este não contém. A calma que empresta à vida pára o meu tempo, e por isso, gosto de estar perto, porque aí existimos.
E naqueles dias que queria não ser, reduzir-me à cumplicidade entre o nada e a náusea que tantas vezes me invade, nesses dias só alguém assim não me agride. Sei-lhe o valor, tirou-se a ferros de si mesmo, e sei que o que quer que seja, assenta-lhe na alma.