No Rio de Janeiro... Rio, riem, prendem-me, soltam-me, prendo, vou, vais, fico, fujo, tocam-me, toco, és, Sou, Amo-me, amam-me, danço, Sou, grito, escutam-me, escuto, beijam-me, beijo, canto, Sou, caio, levanto--me, celebro, Sou, caminhamos, vamos, paramos, olhamos, sentimos, somos, estou, fico, és, estás, ficas, amamo-nos, Amo-me, amo-te, amas-me, fujo, vais, perdemo-nos, voltas, vens, achas-me, olho-te, olhas-me, és, beijo-te, beijas-me, beijamo-nos, amamo-nos, somos, Sou, amo-te, Amo-me, perco-me, perdes-me, foges, vou, volto, amo-te, Sou, sonho-me, sonho-te, Amo-me, amo-te, amas-me, prendes-me, soltas-me, danço, grito, canto, Sou...

sábado, 16 de junho de 2012






Todo

A voz arranha-me a garganta levemente como se fosse uma dor secreta, como se me mostrasse o arrastar de vícios, de pensamentos que me constroem fraca.
Hoje é um daqueles dias de nada... Sinto-me arrastada por um sopro, uma corrente de ar que me passa por dentro e me mantém viva, sinto-me menos, e cresce-me a posse de mim, como se só eu pudesse ser dona do fracasso, como se só eu não tenha mais por onde ser mais. Cansada desse movimento interno onde cabem todos os tempos que não vivo, todos os amores, todos os sonhos, todas as fés, em que já não creio. Não, creio sim, tenho que, quero. Quero ouvir esta música que me lembra o meu refrão, o meu mantra e ser  quem sou, com fé, com fé nesse eu. Quero o meu mais de volta.
Estas palavras, vêm duma proximidade por mim menos escrita, trazem lágrimas presas, agarradas, coladas, como se arrancassem confissões que nem a mim mesma pronuncio. Uma forma de escrever menos pensada, vinda duma latitude diferente, dum ângulo oblíquo de mim, de uma vulnerabilidade menos registada.
No outro dia sonhei que era feliz, não que seja infeliz, porque quem vive a caminho não baixa os braços, não cruza as pernas. Mas sonhei com uma coisa imensa, com um sentir que unia tudo a mim, e me tornava em tudo, como se eu fosse parte e a  parte tudo, e o meu todo ali, num momento, num olhar, num lugar, num alguém, em mim, num presente. Imediatamente senti uma paz, um felicidade que falava manso, que abraçava muito, e que me fazia  sentir amparos de todas as vidas, mas tão presentes, como se o agora e o todo fossem sinónimos, como se amar fosse a minha única acção e ser grata o meu movimento interno, secreto. Quis ficar ali, quis dormir outra vez, mas os sonhos não se repetem, reinventam-se... Percebi isso, quando o queria comandar, ao sonho, ele não obedecia da mesma forma, a surpresa tem impregnada a sensação de fantástico, da maravilha, que rememora em nós a criança, a certeza, o sim. Não posso querer comandar o todo, porque ele anda, está aí, tenho que o notar, que o saber em mim. Ele vem de repente, no momento menos propício, nas banalidades sublimes. Só posso agradecer, porque ele não vem, é, eu é que de momento não o sei, ou sei menos. Ou talvez me tenha esquecido de agradecer, para ele se reconhecer em mim.