Quero um amor de qualquer jeito, ou melhor quero um amor daquele jeito sem jeito...
Que vive de se inventar, que se cria vivendo, amando ao som do crescendo da música que o embala. Quero um amor cantado ao ouvido, de beijos roubados e olhares digladiados. Quero sorrisos esquivos por entre a multidão e mãos dadas por baixo da mesa. Quero dedos presos de duas almas livres, corpos entrelaçados de duas mentes cúmplices. Quero gritar Fernando Pessoa e sentir em mim , a matéria prima dos poetas. Quero cantar no refrão em que sou cantada. Quero ser inspirada, e inspirar, quero sentir a cada dia que estou ali. Que existo para te sentir... Não te espero...Porque te sei em mim. Não tenho pressa de te reconhecer no outro...
Comecei a escrever estas palavras, porque vi um vídeo que me enterneceu. Não sou íntima dos protagonistas, no entanto tocaram-me aí mesmo, onde sou apenas eu, sem máscaras, ou palavras grandes. Aí onde me tenho e raras vezes me deixei ter, tocaram-me. Afagaram, resgataram a ternura que há em mim. Apenas porque se amam e não o escondem, também não o exibem, apenas o vivem, de forma livre, limpa. O vídeo reúne fotografias dos dois, viagens, caminhos partilhados... Ele é brasileiro, ela alemã. E cruzaram-se, reconheceram-se, quem sabe a tempos diferentes, ou de imediato... E o filme é uma declaração de amor, de ternura. Simples, pura. Daquelas que não está na tela do cinema, é real. E fico feliz por saber outros, ainda que não próximos, felizes. Acredito no maior poder de todos, o do Amor. E gosto de pensar no meu mundo assim, com homens e mulheres da minha geração que ainda crêem, e, como tal, criam a vida. E tudo isto ao som de Damien Rice (Cannonball)...
Quero um amor daquele jeito, sem pressa, que se espera, que vai, mas volta, que tem saudades, mas que as mata... Que mesmo que morra, se vive.
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