E o dia quente de Verão humedece as paredes sem porta ... O dia dá lugar a uma chuva insistente, pequena... Como tantas vezes nos assaltam pessoas assim...
Mas não nos molha, só nos acorda os sentidos... Em Lisboa, a portas fechadas, bebem-se copos de vinho branco, tinto, palavras cruzam-se à mesa, mãos deitam-se umas sobre as outras, pernas prendem-se por baixo de panos...
Lisboa é linda! Já diz o fado! Menina e moça, canta o refrão... Em todas as melodias, Lisboa surge curvílinea, mulher! Cidade fatal que nos agarra, mas madura, solta-nos... A mim libertou-me, deu-me ao mundo e fez-me assim, mulher litoral, e jamais acordo sem olhar o céu, jamais deixo de reconhecer o cheiro da maresia...
E a cada esquina Lisboa planeia encontros e desencontros, na sua alma de cidade velha espelha novas histórias... Encontram-se novos amores, velhos amantes, e nasce a matéria prima de poetas, porque a cidade vive-se na poesia, no entusiasmo com que se levanta um copo de vinho, com que se brinda olhos nos olhos, e se sorve o elixir da vida...
Lisboa, fêmea, cheia becos e vielas, completa por lugares recônditos que só conhecem quem os viveu... Nostálgica, mas presente.
Hoje reencontrei neste cenário uma grande amiga. Falámos, perdêmo-nos, afogámo-nos nas conversas e em copos de vinho branco ao alto. Mas na verdade, mais alto colocámos o que trazemos ao peito. Bom voltar e saber que temos quem nos espera... Ela sempre me esperou. Também eu a esperava ao contrário... Felizes os que a língua mãe lhes ensina a saudade, pois configura-lhes a alma... Felizes os que reencontram, sabendo que onde quer que vão muitos pares de braços os esperam... Felizes os que a língua mãe lhes ensina a saudade, pois configura-lhes a alma... E o melhor da saudade é abraçá-la...
1 comentário:
Aconselho ouvir:
http://www.deolinda.com.pt/
ou em
http://www.myspace.com/deolindalisboa
para quem gosta de Lisboa!
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