No Rio de Janeiro... Rio, riem, prendem-me, soltam-me, prendo, vou, vais, fico, fujo, tocam-me, toco, és, Sou, Amo-me, amam-me, danço, Sou, grito, escutam-me, escuto, beijam-me, beijo, canto, Sou, caio, levanto--me, celebro, Sou, caminhamos, vamos, paramos, olhamos, sentimos, somos, estou, fico, és, estás, ficas, amamo-nos, Amo-me, amo-te, amas-me, fujo, vais, perdemo-nos, voltas, vens, achas-me, olho-te, olhas-me, és, beijo-te, beijas-me, beijamo-nos, amamo-nos, somos, Sou, amo-te, Amo-me, perco-me, perdes-me, foges, vou, volto, amo-te, Sou, sonho-me, sonho-te, Amo-me, amo-te, amas-me, prendes-me, soltas-me, danço, grito, canto, Sou...

domingo, 11 de maio de 2008

Emancipação da alma

A noite adormece tormentos, esconde olhares baços, ilumina-se em olhos nus. Ao mesmo tempo dá lugar a vidas outras, a personagens que se criam só no breu. Empresta cenário a encontros e a desencontros que desembocam em novos encontros.

Atravessaste a estrada. Sentada naquela cadeira de bar vi cada passo que inscreveste no chão... Vi um caminhar certo de quem cumpre seu destino. Nada fiz para que me notasses, mas as forças silenciosas da minha mente gritaram-no por mim... Paraste... Puxaste uma cadeira e, graciosamente, pediste para te juntar a nós. Ali juntei-me ao teu olhar. Só ali o vi. E tal como o teu caminhar, também teu olhar era certeiro. Tudo tão certo, cada entoação, a dança das mãos, subtil, o jogo de palavras, o riso espontâneo, mas não exagerado, tudo tão na medida certa que se tornou desconcertante. Os cigarros cresciam nas minhas mãos porque me queria abstrair daquela atracção, ainda inominável, que se apoderava de mim. Tentei em vão cruzar conversas, falar com os teus amigos, com as minhas, mas voltava sempre a ti. Impossível não voltar. Havia uma qualquer força impregnada no teu olhar, nos teus gestos, em ti.

Levantámo-nos, deixámos o bar e seguimos para a festa. Fomos todos. Logo à porta senti um frio na espinha, um roçagar de pele... Era a tua mão na minha... Soltaram-se. Entrámos. O bailinho fervia, talvez não. Eu fervia, porque sabia agora que não mais ia fugir. Dançámos, e naquele balancear de corpos, colaste o teu ao meu. Não me beijaste logo. Não havia em nós qualquer pressa, tocava ainda a (nossa) primeira música, mas tinhamos no corpo urgência. Dançámos colados, sentindo cada movimento, e só o movimento do outro. Conhecêmo-nos o jeito, as formas, o cheiro. Nossos corpos já não eram estranhos, e aí, rendêmo-nos ao que nos puxava um para o outro. Colámos lábios e apertámo-nos num beijo, que deu lugar a outro e a outro, sem sequer saber qual era um ou outro. Não mais conseguimos parar...
O despertador toca... Ao meu lado, na cama, o livro "the Secret", nos ouvidos os fones já sem vida... Dormira toda a noite, embalada pela música, entregue à força de meus pensamentos (in)conscientes.
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"Sonho [do latim somniu] – Efeito da emancipação da alma durante o sono. Quando os sentidos ficam entorpecidos, os laços que unem o corpo e a alma se afrouxam. Esta, tornando-se mais livre, recupera em parte suas faculdades de Espírito e entra mais facilmente em comunicação com os seres do mundo incorpóreo. A recordação que ela conserva ao despertar, do que viu em outros lugares e em outros mundos, ou em suas existências passadas, constitui o sonho propriamente dito. Sendo esta recordação apenas parcial, quase sempre incompleta e entremeada com recordações da vigília (acordado), resultam daí, na seqüência dos fatos, soluções de continuidade que lhes rompem a concatenação e produzem esses conjuntos estranhos que parecem sem sentido, pouco mais ou menos, como seria a narração à qual se houvessem truncado, aqui e ali, fragmentos de linhas ou de frases."
In http://http//www.guia.heu.nom.br/sonho.htm#subconsciente2

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