No Rio de Janeiro... Rio, riem, prendem-me, soltam-me, prendo, vou, vais, fico, fujo, tocam-me, toco, és, Sou, Amo-me, amam-me, danço, Sou, grito, escutam-me, escuto, beijam-me, beijo, canto, Sou, caio, levanto--me, celebro, Sou, caminhamos, vamos, paramos, olhamos, sentimos, somos, estou, fico, és, estás, ficas, amamo-nos, Amo-me, amo-te, amas-me, fujo, vais, perdemo-nos, voltas, vens, achas-me, olho-te, olhas-me, és, beijo-te, beijas-me, beijamo-nos, amamo-nos, somos, Sou, amo-te, Amo-me, perco-me, perdes-me, foges, vou, volto, amo-te, Sou, sonho-me, sonho-te, Amo-me, amo-te, amas-me, prendes-me, soltas-me, danço, grito, canto, Sou...

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Caravana de emoções

Há lugares e pessoas tão nossos que nos libertam de nós, e, graciosamente, deles também. Assim nos têm. Prendem-nos na liberdade deliciosa de nos perdermos por entre cheiros, vozes, silêncos, cores desmaiadas, vivas, presas à tela que nos prega à vida. Somos de tal forma deles que não sabemos se os achámos, ou se somos nós seu achado. Nunca os perdemos. Viajam nos cheiros que trazemos connosco, nas vozes que ecoam a cada adormecer, nas brisas que nos afagam a alma e nos ventos que nos chicoteiam o corpo.
Em todos e cada um estamos nós. Dão-nos novas entoações, conotações, novas formas de olhar. Criamos novas matizes das cores primárias que nos pintam a alma. Ganhamos texturas e molduras várias.
Nunca fui tão escarlate como hoje, nunca meu fogo foi tão carmim, pois esquentam-no as carnes de todos aqueles cujo o eco das vozes toca em mim. Virei sinestesia ambulante e a cada som, vejo cores, sigo cheiros, reconheço outros, perco-me, reencontro-me. E assim não sei se são os lugares meus, as pessoas, se sou eu. Todos nós misturados pintamos retratos vários, múltiplos de mim. O todo não se entrega a divisões, e a parcela que sou só ganha sentido nesse todo. Minhas cores só se incendeiam e tornam vivas ao lado de aqueloutras mais apagadas. E assim, mesclada, me fiz mais humana, mais quente, mais fria, mulher, mais amante, mais amada, mais minha, mais VIVA!
Sou caravana ambulante de emoções e por onde quer que ande, onde quer que pare, trago-os a todos e cada um - lugares, pessoas, cheiros, cores, sabores, beijos, abraços, gritos, risos, vozes, silêncios, cantos, ecos, mãos - em mim.

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