No Rio de Janeiro... Rio, riem, prendem-me, soltam-me, prendo, vou, vais, fico, fujo, tocam-me, toco, és, Sou, Amo-me, amam-me, danço, Sou, grito, escutam-me, escuto, beijam-me, beijo, canto, Sou, caio, levanto--me, celebro, Sou, caminhamos, vamos, paramos, olhamos, sentimos, somos, estou, fico, és, estás, ficas, amamo-nos, Amo-me, amo-te, amas-me, fujo, vais, perdemo-nos, voltas, vens, achas-me, olho-te, olhas-me, és, beijo-te, beijas-me, beijamo-nos, amamo-nos, somos, Sou, amo-te, Amo-me, perco-me, perdes-me, foges, vou, volto, amo-te, Sou, sonho-me, sonho-te, Amo-me, amo-te, amas-me, prendes-me, soltas-me, danço, grito, canto, Sou...

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Retalhos

E o que fazer se quando sou, grito

O inaudível som, que só os mais desatentos tocam

Aqueles tantos que perdem tempo e vivem seus talentos

Que mirram quando chove, e escutam

E juntam-se-me no eco, no brilho de cada sol

E perdem-se no meio para nunca chegar ao fim

E não pescam, mas trazem sempre ao peito um anzol

E gritam não quando os olhos dizem sim

E começam onde caíram

E sempre se levantam

E amam lá pelo fim, só para fazer um não

Virar sim, um precipício

Onde constroem um início

E precipitam de novo um grito

No agito que cada vento arranca ao corpo cansado

Molestado pelo tédio passional

No arranha céus da loucura sei-me inquilina

Sei a linha ténue e curvilínea

Que me mantém sã

E salva da sensatez plural

O meu mais forte apito,

O que me acorda pela manhã

Revolve meu corpo, envolve-me os sonhos

Toca como se cada dia fosse um cais

Onde me atraco, pernoito

Ou barco afoito que sou

Apenas deixo para trás

E presa a cada grito solto não fico, vou

E raramente tenho frio

Pois fiz dos sonhos agasalho

Uma manta de retalhos

Que não tem princípio ou fim... Crio.

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