Rio de Janeiro, 18 graus... Amanheci com a chuva... Caíam-me pelas entranhas as gotas gélidas que se entregavam à janela do meu quarto... O azul habitual tornara-se cinzento e tudo parecia diferente, outro cenário, outra cidade. Uma cidade perdida dos Homens ou eles perdidos nela. Sempre me espanta o quanto as cidades se rendem aos céus e se transfiguram. Parecem gente, abraçam uma tal metamorfose, que convida os que as habitam a recolherem-se ao casulo, para também eles se transformarem, ou esconderem.
Cada conflito, duvidazinha, indigestão mental, convulsão do espírito que tenhamos, cresce sob o dilúvio... criam-se poças em nós, e assim, caminho pelas ruas alagadas e revejo-me nelas, sinto-me encolher, a murchar por dentro, levo a pele arrepiada e sinto o chiar do vento sob o chilrear da minha alma... Os dois fazem-me estremecer, um de frio, o outro pela frieza que hoje está em mim... Saudade dos delírios febris.
Quando dou por mim, a noite caíra, mas nem esta acalmara a chuva, a humidade que se colou aos ossos da cidade, aos meus, que abriu fendas nas paredes da minha alma. Hoje sinto-as particularmente fundas, abertas. É daí que vem o frio.
1 comentário:
Sempre atenta! ;)
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