Hoje sei-me pedra da calçada
Rasgada pela água que cai dos céus
Tento nela lavar minha cara
Descobrir-me para lá da máscara
No meus múltiplos "Eus"
Como as pedras também eu tenho fendas
Hoje sinto-as abertas
Desperta que estou nesta anestesia que me tomou
De assalto, sobressalto em que vou
Tantos são os olhos, as vendas
Que não me vêem para além do que aparentemente sou
Poucos aqueles a quem me dou
Esses limpam minha cara
A maquilhagem que me escorre por entre a Alma
A chuva cai doce e calma
Entrelaçada no sal de minhas lágrimas
Pára no precipício do meu sorriso
Acalma-se no meu suplício
Descansa nas minhas preces
Mas não me arrefece as entranhas
Colho afecto em almas estranhas
Sou Alma quente, incandescente
Em todos e em cada um dos meu "Eus"
Sou fogo, chama ardente
Grito-o para todos os céus
Ardo hoje no beco que sou
Mas amanhã serei caminho... Vou.
Sigo o rasto do meu segredo
Sei-me Alma pernilonga, sem medo
De caminhar, rasgar pedras da calçada
Penetrar e ser penetrada
Pela força que me faz parar
A mesma que me move e me faz andar
Aos inertes aceno na estrada
Por onde caminho de alma lavada
E no discorrer de pensamentos
Confronto sentimentos, intuições
E encerro meus lamentos
Na caixa forte das palpitações
Ao cair da pena, cai o pano
Amanhã encenarei nova cena
(Parou de chover)
quarta-feira, 30 de abril de 2008
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